A
exposição “CIÊNCIA, RAÇA, LITERATURA E
SAÚDE” pretende apresentar aos visitantes recortes do processo histórico de
construção do conceito de RAÇA pelas CIÊNCIAS NATURAIS, desde os empenhos de
naturalistas do século XVII em classificar a diversidade de seres humanos,
passando pelas pesquisas em craniometria, o darwinismo social do século XIX, e
por fim, os discursos contemporâneos que negam o status científico do conceito
de raça, com base nos estudos da designada “nova genética”.
A
apropriação das teorias raciais europeias pela elite intelectual do segundo
império e da república no Brasil também é tematizada por meio da apresentação
dos discursos e das práticas de médicos da Faculdade de Medicina da Bahia, a
exemplo de Nina Rodrigues, e de cientistas dos museus nacionais de etnografia e
ciências naturais no período de 1870 a 1930.
É por
este caminho que se chega ao terceiro termo que define a exposição: a
LITERATURA. É apresentada em uma breve
amostra de como a questão racial no Brasil foi tratada na literatura, desde os
romances naturalistas, que refletiam o cientificismo do e o determinismo racial
do final do século XIX e início do século XX que têm como exemplo emblemático O
Mulato de Aluísio de Azevedo, até obras como Casa Grande & Senzala de
Gilberto Freire e Tenda dos Milagres de Jorge Amado, que instauram o paradigma
cultural, por meio do qual o determinismo racial é questionado, e a mestiçagem
é colocada como elemento crucial na formação nacional. A relação entre Monteiro
Lobato e o movimento Eugenista brasileiro da década de 1920, por meio de suas
correspondências com como os médicos Renato Kehl (1889-1974) e Arthur Neiva
(1880-1943).
Procura-se,
por meio deste percurso, construir o argumento de que as distinções propostas
pela categoria científica de raça estiveram compromissadas com processos de
alterização, por meio dos quais, determinados grupos étnicos, sociais,
culturais e/ou políticos promoveram segregação, marginalização de outros grupos
humanos. Problematizando deste modo, as relações ciência, tecnologia e
sociedade.
Apresentada
ao público pela primeira vez no período de 09 a 23 de janeiro de 2013, no Museu
de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira, em Feira de Santana, a exposição já
está em sua sexta edição. Em todas estas edições, os elementos de exposição
foram construídos de maneira colaborativa entre estudantes de graduação e
pós-graduação da UEFS e da UFBA, e pesquisadores destas duas instituições da
área do Ensino, Filosofia e História das Ciências.